Os 40 imortais que ocupam atualmente as cadeiras da Academia Piauiense de Letras se preparam para comemorar, este ano, o centenário da instituição. Essa trajetória secular está registrada em diversas publicações, principalmente a Revista da Academia, e na memória dos acadêmicos que já passaram por lá.
Entre os principais itens dessa comemoração estão as publicações de obras, que vem sendo organizadas em duas coleções: a Coleção Centenário, que vem fazendo um resgate dessa história da literatura piauiense, focada em obras do passado, que trazem uma enorme carga cultural; e a Coleção Século XXI, que tem como foco a oportunização de publicação de autores novos, títulos inéditos, revelar nomes e, assim, enriquecer a literatura piauiense.
A Coleção Centenário vem sendo editada em forma de força-tarefa literária, com a colaboração de vários acadêmicos em todas as etapas, desde a coleta do material [algumas obras reeditadas não tinham exemplares no Brasil], até a revisão final. O início dos trabalhos se deu sob a coordenação do então presidente da APL, Reginaldo Miranda, e teve sequência pelo atual presidente, Nelson Nery Costa.
“Acho que ela faz um caleidoscópio da cultura, da literatura, da história e da geografia do Piauí dos últimos duzentos anos. Estão presentes obras como do Leonardo Castelo Branco, do início do século XIX, já com dois livros, até autores atuais, como Oton Lustosa, com o romance Meia-Vida. Além disso, tem autores como Lucídio de Freitas, Clodoaldo Freitas, Higino Cunha, Martins Napoleão, João Pinheiro, Luzia Amélia Queiroz, Lincurgo de Paiva, Miguel Borges Leal Castelo Branco e muitas obras, com Da Costa e Silva, H. Dobal e Alvina Gameiro. Tem autores clássicos e autores ainda vivos, como Assis Brasil, Reginaldo Miranda e Paulo Nunes. Ou seja, tem quase tudo de importante publicado no Piauí e sobre o Piauí”, destaca Nelson Nery Costa.

A Coleção Centenário Século XXI é uma coleção inédita, com autores diversificados e diferentes fontes de financiamento. “É uma Coleção que está em formação e ainda com um perfil a ser definido com o tempo. Alguns autores são consagrados, como Celso Barros Coelho, com “Perfis Jurídicos Paralelos”, e artistas, como Lázaro do Piauí. Aposto muito na coleção que já está se aproximando de vinte números”, afirma o presidente.
Além dessas publicações, ao longo deste ano, a Academia deve ser palco de lançamentos literários, discussões importantes acerca do Estado, de sua cultura, de sua gente.
Revista da Academia
Trata-se da publicação mais antiga da APL. Data de janeiro de 1918, logo após a fundação da instituição, em 30 de dezembro de 1917. Na primeira edição, o secretário-geral João Pinheiro, relatou sobre os objetivos da revista. “Apesar de todas as dificuldades, sobretudo de caráter econômico, empreendemos esta publicação, destinada principalmente, a difundir o gosto das boas letras e dos estudos de história e de geografia do Piauí, de que tanto carecemos.[…] A fundação da Academia de Letras e a publicação desta Revista visam chamar a atenção dos entendidos para o estudo de quanto nos possa interessar, de seus homens, de suas cousas, tanto quanto estiver ao alcance das nossas forças!”, explicou.
A publicação da Revista ocorreu normalmente até 1929, com excessão do ano de 1920. Depois de seis anos sem circular, volta em 1936 com a edição n.º 15, seguindo regularmente até o ano de 1939, com uma edição anual. Entre 1942 e 1943 são lançadas as edições n.º 19 e 20, respectivamente. A 21.ª edição só sai em 1962. A partir de 1972, sob a presidência de José de Arimathéa Tito Filho, a revista teve publicação regular.
A Revista da Academia Piauiense de Letras vem se configurando como o principal veículo de informações sobre a cultura piauiense, contando, ao longo de todo esse tempo, com a colaboração dos principais homens e mulheres das letras não só no Piauí, mas em todo o país.
“Essa revista é publicada desde 1919 e chega ao número 73 com vários artigos e discursos. Inclusive, eu estou publicando um artigo com cerca de setenta páginas sobre os primórdios da Academia Piauiense de Letras e seu funcionamento na primeira metade do século XX. Fora isto, tem artigo do Celso Barros Coelho, de M. Paulo Nunes, do Elmar Carvalho, do Francisco Miguel de Moura e do Humberto Guimarães, dentre outros. Está muito boa e bonita a edição”, finaliza Nelson Nery Costa.