Os 60 anos da Psicologia foram homenageados na última sexta-feira, 24 de junho, na Câmara Municipal de Parnaíba. Em alusão a este marco da categoria, foi promovida uma sessão solene na Casa Legislativa, a homenagem deu início às celebrações do Conselho Regional de Psicologia da 21ª região pelo Piauí, os eventos englobarão diversos municípios, alavancando a essencialidade da profissão para a saúde pública em geral.

A homenagem foi proposta pelo vereador David Soares, que enalteceu a profissão e a sua importância para a sociedade em geral na difusão da saúde mental. O ato contou com a presença de psicólogas (os) de Parnaíba e cidades circunvizinhas, professoras (es), sociedade civil e autoridades.

Pelo CRP 21, estiveram presentes na mesa de honra, a conselheira presidente, Juliana Barbosa Dias Maia, o conselheiro tesoureiro Carlos Alberto Matos e o conselheiro Rodrigo Lopes Damasceno. Emocionada, a conselheira presidente lembrou sua identificação com Parnaíba e o trabalho em torno da implementação do curso de Psicologia no Piauí. “A Psicologia foi conquistada com base em muita luta”, disse.

Fazendo uma linha do tempo da profissão no Piauí, destacou que a comemoração neste ano é em dose dupla, pois também abrange os 9 anos do CRP21. “Em 2022, estamos promovendo uma comemoração dupla, além dos 60 anos da Regulamentação da Psicologia no país, estamos comemorando os 9 anos do CRP 21, do nosso desmembramento do Ceará, isso só foi possível através das (os) psicólogas (os) que chegaram até nós e pudemos fazer uma Psicologia piauiense”*.

Os primeiros profissionais da Psicologia no Piauí chegaram em meados de 1970, assim a conselheira relembrou que não havia curso no Estado e que os filhos da terra tinham que buscar a formação longe daqui. “Temos aqui (presente na solenidade) um dos percussores, o Psicólogo Carlos Alberto Matos da Silva, que também atuou na gestão, se tornou tesoureiro e esteve presente em diversas lutas”.

Aprovação do indicativo da jornada de 30 horas

No Piauí, a psicóloga presidente destacou o empenho da atual gestão na aprovação do indicativo da jornada de 30 horas no Estado, sendo o primeiro do país a avalizar uma matéria do tipo.

A proposta das 30 horas foi construída pelo CRP21, sendo acolhida pelo deputado estadual Fábio Novo, que apresentou o indicativo na Assembleia Legislativa.

Nesse sentido, a luta agora é para que a governadora Regina Sousa devolva o indicativo como projeto de lei, para que possa ser votado novamente pelos parlamentares, e assim a jornada seja devidamente implementada. “A governadora Regina Sousa deve assinar nos próximos dias e devolver para a Assembleia, quando precisaremos mais uma vez do empenho da categoria para a aprovação”.

Piso Salarial

Outra proposta capitaneada pelo CRP 21, em vias de ser apresentada no Legislativo Estadual, é a definição do piso salarial da categoria. Na solenidade, a conselheira presidente pontuou que já há o diálogo com o deputado Fábio Novo para que ele apresente a proposição na Assembleia.

Com isso, mais uma vez, o CRP 21 sai na frente em âmbito nacional. Juliana Barbosa Dias Maia ainda pediu o auxílio dos parlamentares para coibir editais com baixos salários para profissionais da Psicologia, de modo que eles sejam valorizados com um pagamento digno.

Por fim, a conselheira presidente convidou todas (os) a se unirem ao CRP na luta pela valorização da categoria, inclusive na articulação contra os baixos salários em editais Piauí afora. “De nada adianta saúde orgânica sem saúde mental, por isso a Psicologia é uma profissão de tamanha importância”.

A sessão foi presidida pelo presidente da Câmara de Teresina, Carlson Pessoa e secretariada pela vereadora Neta Castelo Branco. À Mesa de Honra também fizeram assento o vereador David Soares, e a secretária municipal de Saúde, Leidiane Pio Barroso.

Também estiveram presentes o vereador Ronaldo Prado, o presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Paulo Armando, a professora do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), Fabiana Monteiro, o vice coordenador do Curso de Psicologia da UFDPar, João Paulo Macedo, a pró-reitora de Ensino da UFDPar, Milka Meireles e da coordenadora do Curso de Psicologia da Uninassau, Vanessa de Melo, além de demais representantes da Psicologia no Piauí.

O luto por suicídio tem características próprias, que exigem uma série de cuidados para o acolhimento das pessoas afetadas e a minimização da dor. Junto ao luto vem a questão do estigma, da culpa, o que pode atrapalhar o processamento da perda. Diante da necessidade dessa atenção especial, a psicóloga Cynthia Selma, membro da Comissão de Tanatologia do Conselho Regional de Psicologia da 21ª região, afirma a importância da posvenção do suicídio e o quanto ela pode ser essencial na preservação da vida.

“A posvenção combina prevenção e intervenção, quando olhamos para a posvenção já estamos fazendo ao mesmo tempo uma prevenção dos sobreviventes, prevenindo que eles não cometam o mesmo ato ou que o luto se complique, cuidando do estado emocional deles. Então, visa a facilitação do processo do luto e a redução do impacto negativo do suicídio nos enlutados nomeadamente de sobreviventes na prevenção de tentativas autodestrutivas”, indica.

Em meio a campanha do setembro amarelo, ir além da discussão da prevenção, englobando também a posvenção, ampliar o leque de pessoas acolhidas, permitindo que muitos possam ser acolhidos e orientados, de modo a melhorar a qualidade de vida. “Esse estigma, sentimento de culpa, de vergonha, pode atrapalhar o processamento do luto, a pessoa se isola, às vezes não quer sair, não quer conversar com ninguém, pois ela não se sente acolhida. Fica nesse o ‘e se’ ‘e se’ e deixar de viver o tempo presente, por isso temos que cuidar das pessoas enlutadas”, alerta a conselheira Cynthia Selma.

A Associação Brasileira de Estudos em Prevenção ao Suicídio indica que a posvenção visa trazer alívio dos efeitos do sofrimento com a perda, prevenir o aparecimento de reações que podem contribuir para complicações do luto, minimizar o risco de comportamento suicida nos enlutados, ou seja, promover o cuidado nos sobreviventes. “A busca pelo recomeço, a necessidade de fazer diferente, porque fica aquela marca, aquele padrão, a pessoa no luto vai ressignificar a vida, a conscientização do lugar e dos papéis da família, ela deve entender que por mais que você seja o pai, mãe, não tem como salvar a vida do outro, vai continuar sendo pai/mãe, mas vai ter que ter reajustes; e a busca por uma reconciliação, com a vida, com Deus, com a própria pessoa que morreu, com você mesmo; refletir sobre o luto significa também falar das consequências da morte do outro; enfrentar perguntas sem respostas”, relata a psicóloga.

Para vivenciar essa fase, um grupo de apoio pode ser importante, consolidando-se como um espaço onde as pessoas vão se reunir e se ajudar mutuamente. “Porque geralmente a pessoa sofre sozinha dentro de casa, então na hora que tem um grupo que tem somente pessoas que passam por aquilo, ela se sente acolhida. O grupo de apoio tem por objetivo trocar experiências e apoio emocional, permitindo a conversa aberta e anônimo de pessoas que vivenciaram situações semelhantes, esse modelo permite um ganho na qualidade de vida dos participantes e busca do equilíbrio emocional e mental, mas não elimina a necessidade do acompanhamento profissional”, finalizou a conselheira do CRP 21ª região.